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Cenas reais dum tipo bom, caritativo e piedoso.

dezembro 31, 2003

Vi no jornal de Vila Real de Santo António, uma convocatória para uma reunião extraordinária da associação feminista local. Já tinha o que fazer nesse sábado à tarde. Iria ver as feministas entrarem e sair do centro paroquial da terrinha. Ainda arranjava alguma para discutir o feminismo e faze-la ver que nem tudo é o que parece.

Lá estava eu sentado num muro a ver o mulherio de peito feito e com capas na mão a entrar! Das que tinha visto, só uma é que valeria a pena levar com a minha argumentação em cima. Enfim… Pela média de idades que estava a verificar, aquilo parecia mais um encontro de quarentonas gordas, para discutirem os efeitos da gordura no corpo humano.

Estava entretido a ver um casal de cães que não têm consciência nem pudores, a praticarem uma espécie de arte depravada, quando sai de lá a tal tipa da argumentação. Olhou para mim e perguntou se eu percebia alguma coisa de retroprojectores. Não percebo nada mas prontifiquei-me a ajuda-la. Entrei na sala, e logo se ouviu um burburinho estranho. Não liguei, e fui tratar de ligar o botão, pois era a única coisa que faltava fazer para aquilo funcionar. Perguntei à feminista mais novinha se ela era presidente da associação, o que ela negou e despachou-me com um claro: “eu só alugo retroprojectores. Vou é às compras! Até logo!”

Mal ela saiu começaram a bater palmas para mim. Uma das feministas agradeceu-me, e todas se levantaram para o fazer também. Para me livrar daqueles agradecimentos todos comecei a proferir umas frases feitas, com o objectivo de sair o mais depressa possível! Aqueles risinhos de algumas não enganavam ninguém! Logo a abrir atirei com um:

- Bate todos os dias na tua mulher! Mesmo que não saibas os motivos ela há-de descobrir! – Risos pelo salão! Mau, mau, Maria, que aquilo estava a ficar feio!
- Viva o tempo em que se lavava roupa no rio quer chovesse ou fizesse sol! – Nada
- O lugar das mulheres é na cozinha! – Mais risos
- Deviam usar todas burca, e serem apedrejadas sempre que fossem infiéis! – “Ele é tão lindo, que eu perdoo-lhe tudo o que ele está para ali a dizer…” – Disse uma com um sorriso até às orelhas! - Apoiado! Apoiado! Fernanda a presidente! – Disseram muitas outras!

Tratei de elogiar o tecto do salão e apontando para ele, consegui que todas seguissem o meu dedo com os olhos, e corri dali para fora! Porra que ainda acabava violado por um grupo de feministas gordas depravadas!

Peguei no carro e achei melhor ir para Espanha! Não podia correr o risco de ficar por ali durante a madrugada de domingo! Estacionei em Huelva. Fui a um café tomar uma bica, que me foi servida em xícara de meia de leite! À saída estava um casal à boleia. Ela era linda. Perguntei se queriam ir para Sevilha! Disseram que iam para onde calhasse. Andavam a correr o País deles à boleia! Tiraram as mochilas das costas e meteram-se dentro do carro. Os dois atrás, e eu à frente feito motorista! Só me faltava esta! Lá iam os dois enamorados e eu até desregulei o retrovisor para não ver nada!

Ao chegar a Sevilha perguntei onde é que eles queriam ficar. Como resposta os dois disseram ao mesmo tempo: “Uh Dós!”. Uh Dós? – Perguntei eu sem perceber nada.
“Sí, Sí! Uh Dós!” – Um para dois? Neste caso não será dois para uma? – Foi a minha pergunta a seguir! Eles a rirem-se, muito lá continuaram a dizer “Uh Dós”!
Pronto! Sempre era melhor uma para dois, que um grupo inteiro de feministas gordas! Mal estacionei perto duma residencial, voltei a perguntar se estava de pé o “uh dós” o que me foi confirmado – Sí, si! Uh Dós muy bien.

Admirado com tal espírito de partilha fui alugar o ultimo quarto vago que havia, e quando cheguei ao carro atirei com as chaves para trás. Eles pareceram espantados, mas riram muito. Fomos jantar a um restaurante modesto. Após o jantar fomos até um salão onde se dançava fandango. Mas eles fartaram-se e fomos para um bar da pesada! Durante mais uma vodka, eles recomeçaram com o “uh dós”, eu já me ria muito. A partir daquela hora eu só dizia “uh dós” com eles e que devia ser muito bom. Eles lá se iam rindo.

Quando finalmente chegámos ao quarto de hotel, e levámos as coisas para cima, mal eles abriram a porta, despediram-se de mim., e agradeceram a boleia, o jantar que paguei, as bebidas, e o aluguer do quarto. Eu ainda perguntei pelo tal ”uh dós”, mas como resposta levei um até amanha, e com a porta na cara!

Desci dali sem perceber nada, e saí disfarçadamente em direcção ao carro. Entro e ligo o rádio! O locutor da rádio local atira com um: “ vamos ahora a oír uh dós - Mysterious Ways”!

Ora porra! Afinal não passava do famoso grupo U2! Já era o que tínhamos ouvido no carro, e no bar! Que mania da Espanholada traduzir praticamente tudo! Passei a noite a dormir no carro numa estação de serviço a meio caminho entre Sevilha e Vila Real de Santo António!

Oh meu Deus! Eu meto-me em cada uma!
Caridades:

dezembro 29, 2003

Fui à janela do 10º andar onde moro, e vi um Sedan preto, com 3 tipos lá dentro. Achei curioso, mas não liguei muito. Mal saí à rua encarei com os tipos todos vestidos de negro. Aquilo não era nada suspeito. Tudo engravatado, num carro dos anos 20, à minha espera. Um dos tipos encaminhou-se para mim e disse, que tinha de os acompanhar urgentemente. A situação era de crise. Vinham da parte do ministro da defesa, e se eu colaborasse ele perdoava a cena do presépio. Lá fui eu com eles, sempre disposto a ajudar, claro. Fomos naquele carro nada suspeito para uma cave do Porto.

A minha missão era simples. Ir ao Brasil disfarçado de turista e verificar umas informações. O meu contacto lá era um tipo que me esperava no aeroporto. Ele ia tratar de tudo. Após 9 horas de viagem aérea aterrei. Lá estava um tipo todo vestido de negro, que me identificou logo e levou-me num Jaguar importado de Portugal, para uma quinta no interior. Levei com mais 14 horas de viagem em cima! Toma lá, que é para não te armares em Samaritano! Fiquei comodamente instalado e ele disse-me que tinha de partir, mas eu iria receber instruções.

Quando acordei saí do quarto e fui procurar por alguém. Entrei na cozinha e vi a Fátima Felgueiras a tomar o pequeno-almoço!

- Ui Fátima, a senhora está aqui?
- Sim estou, e quem és tu? Não te reconheço! Também és um injustiçado? Sabias que estão atrasados no meu salário de autarca? Sempre os mesmos atrasados lá em Portugal!

Ainda não estava refeito da surpresa, quando entra o Saddam.

- Mas, mas o senhor não foi preso pela CIA?
- Qual preso, e qual CIA? Eles meteram um sósia meu num buraco e pensam que enganam o mundo! Eu aqui tenho o melhor bunker do mundo! Foi aqui o meu amigo Militão – o Militão acabava de entrar na sala – que tem um cimento de categoria que o fez! Também pensam que ele está preso? Enganam tão facilmente o povo.

- Eu nunca enganei o povo, ouviste senhor de Bagdad? – Dizia a Fatinha.

- Ainda bem que não foi o Militão quem forneceu o cimento para as torres, pois com cimento Militão, as torres nunca tinham vindo ao chão – disse o Bin Laden a entrar na cozinha em sandálias e de Clahs ao ombro!

-Porra! Gritou o Bibi ao entrar lá! Na prisa eu dormia melhor! Calem-se!

- Está calado que se nós gostassemos da prisa estávamos em Portugal. Não te esqueças que teu sósia custou os olhos da cara! O que me valeu foi o meu querido Saddam ter bons contactos no meio! – Disse o Paulo Pedroso que vinha logo atrás.

- Eles é que me pagaram para eu vir para aqui, e o sósia que não se lembra de nada é um pobre triste daqueles que estavam na base de Cuba! - Defendeu-se o Bibi.

- Malditos eua! - Samaritano, Bin Laden e Saddam em unissono. esta minha frase valeu-me o direito de ser considerado insuspeito no meio deles!

- Fala muito que o teu que anda lá em Portugal deve ter sido barato oh Paulinho! Tu é que te safaste, antes que a coisa fique negra. É o que faz ter irmãos com amigos no ministério da justiça – Atirou um tipo vestido de bombeiro!

Quem é este bombeiro?? - Perguntei eu a medo e muito confuso. Gargalhada geral na cozinha. Estás a ver aquele helicóptero americano ali disfarçado no meio da palha? - Perguntou o bombeiro. De facto estava lá um heli de guerra. Enquanto olhava bem pela janela pergunta a Fátima:

Queres melhor piloto de helicóptero que um bombeiro de Lamego? Eles são os melhores do mundo!

Nisto começou a tocar um sino. Levantaram-se todos e ordenaram-me que fosse à missa! Mesmo sem saberem quem eu era, e o que ali fazia à missa ninguém escapava! Fui atrás deles para um celeiro que tinha uma cruz por cima da porta, e o Paulo Pedroso avisou-me que depois da missa, tinha-lhe de dizer em que alhada me tinha metido.
Ia a caminhar tremulamente e devia ir pálido.

Quando entrei no átrio da igreja disfarçada e vejo no altar pronto para começar a oração o padre Frederico de braços abertos na minha direcção a dizer: “Bem-vindo a esta casa novo irmão, mal acabe a missa vou-te confessar” caí redondo no chão!

Acordo no meu sofá, e olho para a mesa! Maldita vodka! Só me dá pesadelos. Nunca mais bebo assim! A sair de casa ainda a lembrar-me do pesadelo, vejo no outro lado da rua três moçoilas vestidas de preto a saírem dum Mercedes topo de gama preto e uma delas disse-me olá! Comecei a correr na direcção oposta, enquanto dizia uma de braços à cintura: “Deves ser gay! Deves ser Gay!”

Quero lá saber! Não quero é que o padre Frederico me confesse!

Oh meu Deus! Eu meto-me em cada uma!

Caridades:

dezembro 27, 2003

Acordei e estava deitado numa cama diferente da minha. No mesmo quarto estavam mais 2 tipos. Olhei pela janela e vi prédios. Olhei para o relógio que estava na parede e marcava 2 horas. Era de madrugada pois estava noite. Os tipos ressonavam feito aviões. Levantei-me e fui à janela. Estava frio. Não conhecia nada daquilo. Fui ao espelho e era eu. Era mesmo eu. Despenteado, olhos encovados. No braço um cateter e soro. UI! Estou num hospital. Que me terá acontecido? Não me lembro. Lembro-me de estar em cima duma árvore, a apanhar laranjas para uma moçoila linda. A partir daí, o escuro. Fui ao WC. Passo por duas enfermeiras no corredor que iam a cantarolar o don’t cry dos guns. Perguntam-me se estou melhor, e eu não respondo. Volto do WC, verifico em que unidade estava, e deito-me. Porque raio estaria numa unidade mental? Fico ali a tentar lembrar-me de algo, mas nada. Decidi não falar.

Sete da manha e acordam os tipos, logo após entrarem enfermeiras. Uma vem À minha beira e mete-me o termómetro debaixo do braço. Uma porrada de medicamentos em cima da mesinha de cabeceira e um pão com um copo de leite ali ao lado. Coma e tome isto. Sentei-me na cama e tomei os medicamentos. Eram genéricos? Que estava eu a tomar? Mantive-me calado. O tipo do lado pergunta-me se eu já sei o meu nome. Não lhe respondo, e ele atira com um: “coitado, hoje nem fala. Cada vez está pior! Recebe tantas visitas, e não diz coisa com coisa! Está aqui há 15 dias e nada! Perdeu a memória de vez!” Digo-lhe que me chamo Samaritano. Riem-se muito os dois – Hoje é Samaritano! Ainda ontem era diabo e no outro dia era judeu. Cada nome que arranja!

Outra enfermeira que entra. Na mão trás uma maquina de barbear. Que é isto? Pergunta ela. Não respondo. Pega em óculos e a mesma pergunta. Silencio de retorno. Os tipos esperam pela minha resposta. Estão a olhar desconfiados. Responda-me vá – Diz a enfermeira – o que é isto? Um dildo, digo eu aborrecido com a situação! Risota geral. “Contínua igual! Não acerta uma coitado” – atira um dos tipos.

Bem por alguma razão estava no hospital à 15 dias, e não me lembrava de nada em relação aquela situação. Pelos vistos andavam-me a fazer perguntas de coisas simples. Não me conseguia lembrar! Preocupava-me a chegada da noite! Sentia medo com a noite. Ansiedade profunda para que não chegasse a noite. Eu que sempre adorei a noite, estaria com medo dela porque? Logo se veria.

Mantive-me calado. Duas visitas à tarde. Conhecia-os perfeitamente. Eram velhos amigos de infância. Fizeram-me uma festa na cabeça e falaram para mim. Não lhes respondi. Sentados na cama interrogaram outra enfermeira acerca do meu estado. Ela disse-lhes que eu ainda não tinha recuperado a memória. Que com os tratamentos que estava a fazer iria recuperar, mas que era um processo lento. Estas pancadas na cabeça por vezes são terríveis para evitar mazelas. Disse um deles: “Ele andava a ajudar uma amiga dele a apanhar laranjas e caiu duma árvore com a cabeça directamente no chão. Foi uma sorte não ter morrido! Ela não gostava dele, pois ainda não o veio visitar!”
Mais uma desilusão. A margarida não me veio visitar. Ela queria era ajuda na apanha das laranjas.

Pronto. Estava decidido! Já sabia o que me tinha acontecido e estava curado. Mas o medo que sentia com a passagem das horas, fez-me manter calado. Eles foram embora! Amanha também iria! Estava curado! Restava-me verificar o porque do medo. Mais comprimidos, que fingi tomar. Chega a noite. Começo a sentir pavor. Grande medo e ansiedade! Que raio! O que me faz ter medo da noite? Adormeci com muito receio. Acordava de 15 em 15 minutos.

De repente entra uma enfermeira. O meu coração começou a bater muito forte! Pânico! Ansiedade! Medo!
Estava ali diante de mim uns 150 quilos de terror. Era aquele monstro que me provocava medo. Deu-me um comprimido para tomar! Fingi tomar. Saiu! Alivio em mim. Vi como ela teve de se meter de lado para passar na porta. Os meus parceiros de quarto ressonavam. Continuava com medo. Voltou a entrar o monstro, e comecei a suar.
Tirou-me o soro, e pegou em mim como se fosse um bebé. Meteu-me numa maca e levou-me dali. Tudo deserto e silencioso pelos corredores. Entrei num gabinete que dizia enfermeira-chefe! Lá dentro usou uma compressa para me tapar a boca! Começou a tirar a bata! Nunca tinha visto semelhante coisa ao vivo! Já tinha visto fotos de mulheres assim, pois tenho colegas que usam o meu mail para me mandarem coisas destas, mas eu sempre pensei que eram montagens! Afinal estes monstros existem mesmo!

Chega-se perto de mim e diz: “Estes últimos 15 dias têm sido das melhores coisas que me aconteceram! O viagra que te dei já está a fazer efeito? Deve estar, meu desmemoriado lindo!” Percebi tudo! Esta besta andava há quinze dias a abusar de mim. O medo que sentia da noite era isto! Levantei-me, tirei a mordaça e disse que nem mais uma vez. Disse-lhe o meu nome e que pretendia meter-lhe um processo! Diz ela: “Ai que felicidade! O meu tratamento de choque curou mais um pobre desgraçado! Este tratamento é mesmo eficaz! Ainda recebo o prémio Nobel da medicina por estas curas milagrosas que faço!”

Saí dali a correr, vesti-me, e saí do hospital depois de ter assinado um termo de responsabilidade!
Quer dizer. Estas enfermeiras saídas de filmes de terror, abusam sexualmente dum tipo e da sua pobre condição de desmemoriados, e ainda se dizem inovadoras em terapêuticas para a mente? O que me vale é que não me lembro de nada! Terei mesmo andado a servir de cobaia durante 15 dias, ou terei sido abusado sexualmente até à última gota? Os meus olhos encovados devem ser a resposta!

Oh meu Deus! Eu meto-me em cada uma!
Caridades:

dezembro 22, 2003

Fui fazer uma visita a um lar de idosos. Para os animar decidi contar umas anedotas. Estavam uns 50 idosos, sentados no refeitório lá do lar, e eu comecei com as anedotas. Achei melhor não falar de filhos, nem de histórias tristes.

Quando começará a fome mundial? - Quando os Chineses começarem a comer de garfo.

Vai haver uma nova guerra mundial? - Não mas haverá uma luta pela paz tão grande, que não sobrará pedra sobre pedra!

Existe vida em Marte? - Também não!

O que é um marido? - É o vice do amante na parte económica.

Como se ocupam as moçoilas nas grandes cidades?
Tentam resolver o problema de como vestir uma mini-saia num maxi-rabo, e como calçar botas de cano alto em pernas tortas!

Haverá amor no comunismo? - Se não houver dinheiro, não há amor.

Dá para sobriviver com o salário mínimo nacional?
Não sabemos! Nunca tivemos tanto dinheiro!

Qual é o melhor remédio anticoncepcional? – “Durmasó”

De onde surgiu o sapateado?
Foi na família dum pobre, que tinha 13 filhos e apenas um penico!

O que se deve fazer para não sujar o lençol na noite de núpcias?
Deve-se lavar os pés!

A Eva traía o Adão?
Não sabemos! Mas os cientistas afirmam que descendemos do macaco!

Qual a diferença entre o capitalismo e o socialismo?
O capitalismo é a exploração do homem pelo homem. O socialismo é exactamente o oposto!

Pode-se falar sobre sexo com uma moçoila de 15 anos?
Sim, se quiser ampliar os seus conhecimentos!

Por esta altura, para além de não ter obtido nenhum sorriso, alguns tinham saído de lá, a maioria dormitava e apenas uma senhora olhava para mim fixamente. Sai do centro do refeitório, e ninguém deu conta! Dirigi-me À senhora que me olhava fixamente e perguntei se ela tinha gostado. Ela perguntou quem era eu. O que fazia ali. Se eu era o novo enfermeiro. Se eu acreditava que era o ciclo menstrual da lagartixa que controlava as marés!
Achei melhor sair de fininho, e ela nem notou! Continuou a fazer perguntas para um interlocutor imaginário.

Ia a sair desanimado, quando apareceu uma jovem voluntária que lá trabalhava. Olhei mais uma vez para ela, pois já na entrada, não tinha conseguido tirar os olhos dela. Ela podia era fazer trabalho de voluntariado a nível particular! Disse-me que tinha adorado, e para eu não ficar triste, pois os idosos lá sofriam todos de profundas perturbações mentais, e que nunca iam apreciar o que disse. Garantiu-me que tinha adorado as anedotas. Convidou-me para aparecer um dia à noite no bar da praia! Ela estaria por lá e fazia questão de ouvir algumas anedotas minhas!

Eu fiquei tão contente, mas tão contente que não resisti a contar mais uma, para a fazer rir:
Qual a diferença entre a prostituta e a puta?
Ser prostituta é profissão, ser puta é hobby!

Mal acabei ela desatou aos berros:
“Eu trabalho como striper, porque a vida não está fácil! Não sou uma coisa nem outra! E podia ter dito que já tinha visto um dos meus shows! Fora daqui! Fora daqui!”

Eu que nunca fui a uma sessão de strip, saí de lá com a cara vermelha, não da vergonha de ninguém se ter rido, mas do grande estalo que levei!

Oh meu Deus! Eu meto-me em cada uma!
Caridades:

dezembro 18, 2003

Baseado num testemunho de IRC

Ia a descer a rua de Santa Catarina no Porto, quando uma moçoila torceu um pé! O facto de eu ir atrás dela à mais de meia hora, era coincidência. Aquelas calças de Lycra pretas, e o casaco de couro até à zona lombar não tinham influenciado nada a escolha do trajecto que fiz. É evidente que eu estive a fazer-lhe uma massagem no pé. Levantei-a e ofereci-lhe companhia para entrar num café ali perto, para ela evitar o embaraço de ter caído! Durante o café disse-lhe que eu era o Samaritano, e que ela escusava de agradecer, pois eu tinha o hábito de ajudar! Ela convidou-me a aparecer no bar que ela frequentava.

Na sexta-feira seguinte estava lá batido! Era um bar esquisito. Muito mulherio e poucos homens, mas eu não liguei muito. Fui ao balcão e pedi uma vodka! A moçoila que me serviu perguntou se também podia beber um por minha conta. Disse-lhe que sim, mas ela meteu muito sumo de limão e muito pouco vodka. São gostos. Estava a começar a meter conversa com ela quando chegou a Beta. Ela já não tinha problemas com o pé, e continuava bela! Tratou logo de despachar a tipa que bebia pouco vodka, dizendo-lhe para ela não se meter comigo porque eu era todo para ela, e para a Patrícia.

A Patrícia não ficava a dever nada à Beta! Eram as duas parecidas. Mesmo género de falar, mesma fisionomia. Estava bem acompanhado. Pediram-me uma bebida! Paguei mais 2 vodkas, e pedi outra para mim. Mais uma vez no meu copo veio uma bem servida de vodka, mas no delas a tipa do bar meteu praticamente só sumo! Fiquei a pensar que o mulherio de hoje anda muito mais regrado. Fomos para um sofá, e eu estava a achar aquilo estranho. Havia mulheres a saírem por uma porta e entrarem por outra. Os tipos que saíam com elas já não voltavam, e as mesmas tipas sentavam-se com outros! Parecia tudo muito familiar.

Perguntaram se eu pagava mais um copo no meio da conversa que estávamos a ter. Já não estava a gostar nada da festa, mas também eram mais 5 euros, menos 5 euros. Lá vieram mais 3 vodkas! Estávamos a meio do vodka quando entrou um tipo que fez a Patrícia levantar-se, e pediram licença que já voltavam! Era um amigo dela. Ela ia-o apresentar à Beta. Falaram um pouco, e tungas! A beta fez-me sinal que já voltava, e saíram as duas com o gajo pela porta mistério!

Uma hora após não tinham voltado. Fui ao bar de novo e entre mais uma vodka perguntei o que se passava para lá daquela porta! A moçoila do bar, disse-me que era outro bar mas que a entrada lá custava 500 euros! Porra por 500 euros mais valia eu nem querer saber mais. Como tinham passado mais de 15 minutos e nada, achei melhor sair dali! Ia pelo caminho a fazer contas. Nove vodkas a uns 5 euros cada um, ia dar uns 45 euros! Ia sair um pouco cara a noite, mas que se lixe! Entreguei o cartão e a nina apresentou-me a conta!

Setecentos e vinte euros??? Setecentos e vinte euros!!??
Pedi para refazer a conta porque eram nove vodkas! Ela disse-me que estava certo. Cada vodka custava 80 euros, e que os preços estavam afixados! Estava incluído também o preço da ida para o quarto de cima com duas meninas à escolha na tabela. E só custava 500 euros. Disse-me ainda que se eu escolhi beber que o problema era meu. Ia a sair sem pagar mas os dois amigos do peito que estavam à porta, fizeram-me logo mudar de ideias. Até escusavam de ser os dois! Bastava meio dum deles, para eu já nem pensar em sair.

Enquanto pagava com o cartão Multibanco e rezava para haver fundos suficientes naquela conta, perguntei se a saída pela porta era a ida para um quarto com 2 moçoilas à escolha, o que me foi confirmado!
Paguei eu 720 euros e podia ter ido conversar mais calmamente com elas por apenas 500! Já em casa lembrei-me que nem recibo, ou factura tinha pedido!

Oh meu Deus! Eu meto-me em cada uma!
Caridades:

dezembro 17, 2003

A Madalena era uma grande poetisa. Acabada de se formar pela faculdade de letras, tinha-se dedicado à escrita, em vez de ficar à espera de vagas para leccionar. Ela andava excitadíssima com um concurso nacional. Tinham decidido alterar a nossa Portuguesa, e convidaram jovens escritores a participar.

Não sabem o que é a Portuguesa? Aqui fica para os mais desatentos a letra de Henrique Lopes de Mendonça:

Heróis do mar, nobre Povo,
Nação valente, imortal
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

A Madalena pediu-me encarecidamente para ajuda-la a escrever um novo hino! Andávamos em encontros diários na casa dela do campo, há mais de quinze dias e não havia maneira de sair a porcaria do hino. Ela andava tão absorvida com a escrita que nem olhava para mim. Eu bem reclamava docemente e tentava desviar a atenção dela para outro tipo de prazeres, mas ela nem queria saber. Até em tronco nu me meti uma vez, e ela nem pestanejou! O que ganhei foi uma constipação!

Quando eu já estava quase a desistir desta caridade que não ia render frutos nenhuns, ela após algumas estrofes mais conseguidas, deu-me um abraço e um beijo enquanto dizia: “Se eu ganhar isto estás convidado, para um jantar de celebração aqui em casa, e se tirares de novo a roupa eu também tiro a minha! Depois seja o que Deus quiser!”
Claro que eu disse, que isso não estava em questão! Aceitava o convite pata jantar, mas estava tão entusiasmado como ela neste projecto de hino, e não era o facto de festejarmos que me ia fazer trabalhar com ela!

Lá chegou o dia da entrega e estava quase tudo pronto! Eu tinha escrito uns 50 hinos, que ela não gostava. Acabou por ser um texto dela o escolhido! Estava bem. Tinha boas hipóteses de festejar! Estava muito lindo sim! Ela pediu-me para o colocar no envelope que ia ao WC. Quando voltou vinha de mini-saia, meias de renda, botas pelo joelho, e uma camisola justa! Vestiu um casaco e convidou-me para ir tomar um copo! Eu estava pasmado como ela tinha mudado de atitude tão drasticamente! Lá meti o texto dentro do envelope, sempre sem tirar os olhos dela! Até as mãos me tremiam!
No bar disse-lhe que até já podíamos festejar! Aquilo estava ganho. Mas ela disse que depois dos resultados, é que se festejava. Até disse que escusava de ganhar! Se ficasse nos 3 primeiros lugares já havia festejos!

No dia do anúncio do vencedor, fomos assistir à declaração oficial. Parecia uma cerimónia como os globos de chumbo da SIC! Estavam mais de 1000 candidatos ao prémio no pavilhão atlântico, que tinha sido modificado para o evento. Levei uma seca de 3 horas com cantores portugueses, declamações de poemas, e enquanto isso, ia passando no ecrã gigante as milhares de letras a concurso! Estava a levar alta seca mas nada me ia afastar do festejo final! Em casa dela obviamente!

Chegou a hora do anúncio. Depois de grande suspence, lá vieram os 3 nomes! O dela não foi anunciado! Ela estava quase com lágrimas nos olhos, e eu decepcionado! Por fim veio a curiosidade de se saber qual tinha sido o pior das 4875 propostas para o novo hino. O nome dela ecoou pelo pavilhão: “O pior texto a concurso foi o de Madalena Silva e Santos”. E Pimba texto no ecrã gigante!!!

Foi aí que eu percebi no que me tinha metido! Quando ela regressara em mini-saia, eu tinha ficado tão absorvido nela, que tinha metido um dos meus hinos por engano no envelope!

Ela saiu do pavilhão com as lágrimas nos olhos, e eu fingi que não estava com ela, pois as gargalhadas eram medonhas! Aqui fica o hino:

Heróis do ar, pobre Povo,
Nação carente, virtual
Roubai hoje de novo
Pelas ruas de Portugal!
Entre as plumas da discórdia,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus moinhos e mós,
Que há-de guiar-te à Antónia!
Às favas, às favas!
Sob o sol, sob o luar,
Às favas, às favas!
Pela Pátria cavar
Contra os ladrões desviar, roubar!

Oh meu Deus! Eu meto-me em cada uma!
Caridades:

dezembro 15, 2003

O mordomo do PR pediu-me para eu ir ao palácio de Belém fazer um presépio! Quanta honra para um pobre como eu! Ele disse-me que este ano o PR estava sem fundos para pagar milhares de contos a um tipo, e que como eu era bondoso, poderia fazer de graça! Aceitei na hora! É uma grande honra fazer um presépio para o presidente!

Foi-me dada carta branca! Queriam um presépio enorme, com figuras à escala 1/32. Iria ser tudo feito a nível secreto, com tudo tapado dentro do salão nobre, para depois receber uma comitiva politica. Meti as mãos ao trabalho!

No dia da inauguração estava uma grande comitiva por lá. Membros do governo, jornalistas, figuras publicas, vários VIP internacionais. O Presidente em tom pomposo anunciou a inauguração do presépio. Quando retirou o pano que o ocultava vi na cara dos presentes, espanto, ódio, admiração, estupefacção, e vi muitos olhos a olhar para mim. Nos 4 minutos seguintes pude ouvir o som dum mosquito que andava por lá. Ficou tudo a analisar. Não percebo. Eu tinha metido imagens de personalidades para criar impacto. Comecei a descrição do presépio para todos:

Menino Jesus – Bin Laden.

Rei Herodes – Bush

Virgem Maria – A duquesa de Bragança! Ela sabe como funciona a concepção pelo Espírito Santo.

S. José – Carlos Carvalhas pois ainda acredita em milagres.

Vaquinha – Ferreira Leite, que não estava amarrada ao estábulo, pois acumulava funções com o serviço de cobrança na entrada da gruta.

Dois mendigos a tocarem harmónica para realizar algum dinheiro – Cavaco Silva, A. Guterres.

Uma orquestra de 6 músicos a festejar o nascimento – Abrunhosa, Rui Reininho, Paulo Gonzo, Marante, Toy Lena D’agua. Eram dirigidos pelo Castelo Branco em ceroulas de Lycra com uma batuta de diamantes.

Um grupo de pastores na sua labuta diária num campo semelhante ao Alentejo a serem vistos por Álvaro Cunhal – Membros das famílias de Belmiro Azevedo, Jardim Gonçalves, e Champalimon.

Cabrinhas a pastarem – Manuela Moura Guedes, Catarina Furtado, Ana Salazar.

Jumento – Juiz Rui Teixeira. Estava amarrado muito curto, para não mexer sequer a cabeça.

Dois crentes a ferrarem um jumento ao contrário para enganar os soldados do Herodes, na fuga do menino – Pedro Namora e Adelino Granja.

Um coro de anjos a cantar melodias lindas – Jorge Ritto, Souto Moura, Herman José, Paulo Pedroso, Eurico de Melo, Narana Coissoro, Fátima Galhardas, Felícia Cabrita, Paes do Amaral, Dias André, Lisa Albarran, Mota Amaral, António Moura Santos, Cunha Rodrigues, Videira Barreto, e Laborinho Lúcio, estavam na primeira fila. Atrás tinham muitos mais.

Os três Gheys Magos – Aqui uma ligeira alteração à historia. Não vinham de camelo. Vinha o Carlos Cruz num jipe cheio de brinquedos. No outro era o Bibi numa carrinha de transporte, e no terceiro vinha o Paulo Portas não de camelo, mas num jaguar que é coisa muito mais moderna

Foi nesta altura da descrição, que se começaram a chegar a mim elementos da guarda presidencial, e outros que estavam atrás do Paulinho das estatísticas, e eu achei melhor fugir a sete pés, pois eles vinham com cara de poucos amigos!

Oh meus Deus! Eu meto-me em cada uma!
Caridades:

dezembro 10, 2003

O Carlos pediu-me para o ir ajudar numa desfolhada. Fiquei admirado! Ainda se fazem desfolhadas neste Portugal? Parece que sim. Ele tinha-se metido a namorar com uma moçoila de aldeia, e como era filha de agricultores ele não escapava destas lides. Quantos mais fossem ajudar na desfolhada, mais rápido acabava e consequentemente mais tempo tinha ele para namorar. Lá fui eu!

Era uma casa de gente humilde e muito simpática. Ainda se praticava uma agricultura sem recurso à maquinaria. Ordenhava-se à mão e tudo. Fiquei surpreendido por ainda existirem locais destes. Na aldeia ainda se faziam as festas em bailaricos, e às 00:00 as raparigas casadoiras tinham de estar em casa. Sentei-me num banco de madeira de 3 pernas, no meio dumas 30 pessoas. Muitos rapazes novos por lá. Estava a achar estranho tanta juventude misturada com pessoas mais velhas. Depressa fiquei a saber o motivo. O motivo era a Ester! A filha mais nova do agricultor, com os seus 20 joviais anos. Olhos pretos e brilhantes. Cabelo lindo. Maças do rosto mesmo ao meu gosto. Enfim… uma agricultora feita a esquadro e compasso. Quem desfolhasse uma maçaroca de milho rei tinha direito a um beijo dela! Era tradição.

Mal soube dessa tradição, as minhas mãos não pararam mais. Eu nem olhava para o lado para falar. Era desfolhar a todo o vapor! Foi assim que tive direito, a 5 dos 7 beijos que ela deu! Haviam reclamações dos outros tipos! Queria lá saber! No final da noite ela convidou-me para aparecer no bailarico do outro fim-de-semana. O pai da moça disse que eu era um homem muito trabalhador. Tinha desfolhado muitas espigas. Que podia levar a Ester ao baile se quisesse. No sábado lá estava. Aquilo correu bem. Só calquei umas 30 vezes aqueles pés de donzela. Mas ela ria-se. “Ai estes moços da cidade…” era só o que ela dizia entre um sorriso lindo. Às 23:50 já estava à porta de casa dela, acompanhado por alta escolta de tias, e gajos invejosos do meu sucesso!

Assim continuou durante uns tempos. Ia a bailaricos por lá. Ela aparecia, fazíamos um pezinho de dança, e às 00:00 lá ia eu levar a Ester a casa, sempre acompanhada pelas tias, e pelos ranhosos da aldeia! A marcação era cerrada! Mas devia haver um dia que eu tivesse uns momentos a sós com ela! Eu deixava-a em casa, as tias continuavam o caminho, e eu ia curtir uma de pastilha para as discos! Na terrinha falava-se das discotecas como verdadeiros antros. Se alguém fosse, era quase excomungado! Nunca revelei nada!

Um dia chegou o progresso lá casa! Tinham comprado uma scooter para a Ester. O pai era contra, mas a avó ofereceu nos anos. O pai dizia que a avó nem uma moto cultivadora tinha comprado na vida, e que agora tinha cismado com uma scooter! A Ester estava em êxtase! Pediram-me para ensinar a andar! Lá estive em explicações teóricas para a Ester, a irmã, o pai, a mãe, a avó, o avô, 3 primos, 7 primas, as tias, e uns quantos vizinhos! Era mesmo uma coisa moderna! Quando passei da teoria à prática, mal arranquei deram vivas de contentamento. Aquilo andava! “Uma bicicleta sem pedais que anda” – dizia uma das primas! “Anda, mas tem que se meter petróleo!” – Dizia uma tia entendida na matéria!

A Ester disse-me disfarçadamente que nessa noite ia dar uma volta. Pediu para me encontrar com ela atrás da capela, entre os 2 sobreiros, pelas 22:00! Que eu ia ter uma grande surpresa! Para não faltar! Finalmente meses e meses, de trabalho nas terras, e a suportar bailaricos estúpidos ia ter a minha recompensa. Aquilo de scooter não havia marcação de tias, nem de gajos solteiros e famintos que valesse! Ninguém nos apanhava! Quando eu já estava com a cabeça bem longe dali, a planear a noite, disse a avó da Ester: “Oh samaritano, eu quero ser a primeira a dar uma volta nessa pasteleira!”
Parecia que tinha rebentado uma bomba lá em casa. Todos a dizer que não, altas discussões! Ninguém queria que a velha sequer se sentasse lá! Disseram-me que ela ainda em nova tinha andado uma vez de bicicleta, e tinha partido os dentes todos! Foi a única vez que andou. Eu estava na dúvida, mas a avó atirou com um seco: “se não for eu mais ninguém anda que eu devolvo a scooter!” A Ester dizia que devolvesse. Todos estavam de acordo! Mais valia devolver que acontecer algo! Todos menos eu e a avó! Eu iria lá perder a oportunidade dessa noite? Nem pensar!!!!!

Convenci tudo e todos que eu era capaz de ensinar a avó! A Ester era ferozmente contra! Mas eu meti a avó em cima da mota, e ela arrancou devagarinho. Após 3 metros de viagem parou e seguraram na mota! Ela meteu o pé ao chão, e reclamou com todos – deixem-me andar, senão não há bicicleta sem pedais para ninguém!”. “Isso mesmo! Isso mesmo, deixem-na andar que ela sabe o que faz!” – Dizia eu, antes que ela devolvesse a scooter! A avó perguntou-me se ela seria capaz de andar na estrada! Eu disse logo que sim! Ela tinha era de andar devagar! Tudo contra mim e a avó! Mas ela lá foi! Haviam velhos do Restelo por todo o lado! A Ester nem foi para a rua ver a avó. Dizia que não queria ver tragedias!

Lá foi a avó devagarinho, deu a volta passado 50 metros e regressou sã e salva! Todos batiam palmas! O pai suspirava de alívio. O avô disse-me entre dentes que eu me tinha safado de levar um tiro de caçadeira. A Ester veio a correr e saltou para o meu colo toda contente! Tinha corrido tudo bem! Estava nas minhas quintas. Quando já iam todos embora, a avó disse que ia a casa da irmã de bicicleta! Nova revolução! Claro que eu e ela éramos os únicos que achávamos que ela podia ir. Os motivos já sabem! E lá foi ela.

Na subida que tinha logo após, a acelera começou a perder velocidade e eu gritei, para ela acelerar mais! Todos me criticaram! Eu devia estar calado, que assim ela voltava para trás! Lá ia a avó de cabelos brancos ao ar, meia aos ziguezagues. Tudo na rua a ver a cena. A descida foi sempre feita de prego a fundo! Eu comecei a ver a curva lá ao fundo, e o muro! A uns 50 metros da curva eu pensei logo: - “querem ver que a velha não vai travar e vai-se mandar contra o muro?” Assim foi! Nem travou, nem reduziu, nem fez a curva! Mas que grande estouro! Vi o raio da velha a voar por cima do muro e a cair na terra de costas, a uns 30 metros de distância!

Foi tudo a correr e aos gritos a caminho do local! A Ester ficou petrificada, e só dizia com uma voz do outro mundo calma e rouca, com os olhos muito abertos: - “a culpa é tua! A culpa é tua! A Culpa é tua!” Parecia um disco de vinil riscado!
O avô ia meio a mancar para dentro de casa, e em direcção ao barracão onde tinha a caçadeira! Eu saí dali a correr na direcção contrária à do acidente, mas ainda levei com um tiro de chumbo da caçadeira nas nádegas! Nunca mais passei por perto da aldeia!

Oh meus Deus! Eu meto-me em cada uma!
Caridades:

dezembro 07, 2003

Ia de comboio para a Bélgica. Como não tinha dormido nada durante o dia, usei o vagão cama. Como sabem os vagões cama têm beliches. O comboio ia praticamente vazio. Informei-me junto do revisor se estava muita gente nele. Disse-me que não. Que apenas mais uma pessoa, para além de mim próprio, tinha reservado um beliche, mas que ainda não estava lá! Olhei para toda a carruagem, a tentei imaginar quem iria dormir lá. Não cheguei a conclusão nenhuma! Estava praticamente a adormecer no banco, quando vi uma morenaça a entrar no vagão dormitório! Ena! – Exclamou o meu cérebro, já a fervilhar de possíveis diálogos de entrada.

Levantei-me e fui à procura do beliche numero 10. No beliche ao lado, estava a morenaça a verificar o estado da almofada e do colchão. Era um beliche duplo! Devia querer companhia. Perguntei se ela ia para a Bélgica. A Rute ia para a Bélgica sim. E eu iria dormir ali ao lado dela. Estivemos a falar durante uns 15 minutos. Estava a fazer a viagem com a mãe dela. A mãe tinha problemas psicóticos, e ela ia a acompanha-la na viagem. Como eu não aguentava mais com o sono, pedi desculpas e disse que ia dormir um pouco, e que mal acordasse verificava se ela andava pelo comboio. Assim ficou combinado.

Corri o cortinado que separava o meu beliche do corredor, tirei parte da roupa e deitei-me. Adormeci logo. Acordei passadas duas horas de sonhos com a morena. Aqueles olhos verdes no meio da pele queimada e bem tratada, meios encobertos por cabelos pretos, tinham-me deixado enfeitiçado! Encetei uma tentativa de conversa, após ter verificado que o cortinado ao lado estava fechado! A Rute devia estar lá!

- Estás aí Rute?
- Sim, mas como sabes o meu nome?
- Tu disseste-me antes de eu me deitar.
- És o tipo que entrou para aqui, para dormir?
- Sim, sou.
- Ah. Eu vi-te. És muito lindo. Não tens frio?
- Tenho um pouco, mas estou em tronco nu. Só tenho as calças.
- Eu estou cheia de frio.
- Deve ser por causa desse beliche duplo. Mas se quiseres eu posso ir para aí para te ajudar a aquecer.
- Isso é que era uma grande ideia. Deixa parar o comboio na próxima estação, que depois temos 3 horas sem paragens.
- Sim! Vou ao WC. Mal arranque o comboio venho ter contigo.

Eu não podia deixar uma pobre moçoila ali a passar frio! Claro que não! O comboio arrancou, e eu saí do WC. Olhei pela última porta do comboio e vi a estação a ficar lentamente para trás! Olho em frente e vejo uma velha muito gorda em camisa de dormir de braços abertos dirigidos para mim. Era tão gorda que não conseguia andar normalmente no corredor do comboio! Tinha de andar de lado!

- Quem é a senhora? E o que faz aí de braços abertos?
- Sou a Rute!
- A Rute?!?! A Rute é esbelta, morena e linda!
- Deves-te estar a referir à minha filha, que também se chama Rute. Mas ela não está a dormir. Veio apenas arranjar a cama antes de eu me deitar!

Tinha feito promessas a uma psicótica, que me olhava com uns olhos fixos. Começou a avançar para mim de lado e a ocupar todo o corredor. Gritar não era solução. O vagão tinha protecção acústica! Eu apenas de calças, e em tronco nu ali à mercê daquele monstro! Como é possível uma coisa tão gorda ter uma filha tão esbelta?

Ela continuou a avançar, enquanto dizia: “anda-me aquecer querido! Anda cá meu lindo! Paixão bonita! Flor dos meus olhos! Tentação calorosa! Amante perfeito!”
Ela deve ter visto nos meus olhos o terror que estava a sentir, e atirou com a frase que me convenceu! “Mesmo que não queiras, vais-me aquecer!”

Foi aí que eu abri a porta de trás do comboio, e saltei para a linha, enquanto ela gritava um “não” aterrador! Fiquei ali no meio de nenhures, a escorrer sangue por vários locais, sem dinheiro, documentos e em tronco nu.

Oh meus Deus! Eu meto-me em cada uma!
Caridades:

dezembro 05, 2003

Vinha da Régua pela estrada de Entre-os-rios junto ao Douro numa madrugada tempestuosa. Chovia a potes, trovoada, relâmpagos, e nevoeiro tudo junto estavam a fazer com que eu andasse a 30 km/h. Após mais uma curva no meio da serra, vi um sinal triangular de perigo. Um carro avariado encostado à berma. Olhei lá para e vi 3 vultos. Abriram a janela, e vi 1 homem e 2 mulheres. Ele disse-me que tinha avariado. Saí e perguntei se precisavam de ajuda. Ele disse-me que agradecia, pois nem rede de telemóvel ali se apanhava. Dei boleia aos três. Pelo caminho fiquei a saber que o casal tinha uma indústria de móveis em Paços de Ferreira. A filha para além de linda, estudava na Fac. de arquitectura no porto.

Fui convidado a entrar quando cheguei à casa deles. Aceitei não pelo café quente que me serviram, mas porque a filha fez questão. Fernanda de seu nome com hormonas pela casa dos 24 anos. Um espanto. Mais espantado fiquei quando ela se apresenta na sala onde eu estava em amena cavaqueira com a mãe, só em camisa de dormir, preta e justa ao corpo. Ia-me engasgando com o café. A mãe dela passou-lhe um raspanete, por ela aparecer assim ali. Eu tentei-a desculpar, mas a mãe atirou com um “Somos uma família católica, reservada, que acredita na moral e bons costumes e até retrógrada no campo sexual se quiser!”

Acabei de sair de lá, pela mão da filha que já de robe pediu desculpa pelo sucedido. Não tinha nada que se desculpar. Começamos a encontramo-nos ocasionalmente pelo Porto. Tomávamos um copo e ia cada um para o seu canto. Isto durou, e durou até que um dia ela convidou-me para eu ir lá a casa beber um copo. Eu não aceitei, pois aquela frase da mãe, de retrógrados no campo sexual, reservada e o diabo a 30, impunha respeito. Ela disse-me que não havia problema. O pai tinha ido à Suiça, a mãe estava em Andorra, e ela tinha dito que ia passar o fim-de-semana ao Algarve a casa duma amiga para evitar ir com o pai ou com a mãe! Era a minha deixa!

Chegamos a casa já de madrugada, e eu ia ligeiramente alegre, pois a vodka tem destas coisas. Entramos, e ela disse-me para irmos ver a mobília que os pais tinham no quarto deles! A cama era enorme e tinha sido feita lá na fábrica. Entramos no quarto cheios de risinhos e tal e quando acendemos a luz vimos a mãe com um negro na cama!!!!!

- Não estavas no Algarve?
- Tu não estavas em Andorra?

A posição em que estava o negro não posso passar para este blog. O que sei é que aquilo estava a aquecer demasiado, e eu fui saindo de fininho, juntamente com o negro! Vieram as duas à porta a desculparem-se, e entra o pai da Fernanda todo cheio de batom com o soutien na mão duma loiraça linda de morrer. Pergunta ele:

- Tu não estavas no Algarve e tu em Andorra?

Saí daquela casa de família “católica, reservada, que acredita na moral e bons costumes e até retrógrada no campo sexual” e passei mais uma noite sozinho. Só me estragam os esquemas!!!!

Oh meu Deus! Eu meto-me em cada uma!
Caridades:

dezembro 04, 2003

O verão estava quente. Tão quente que em algumas zonas do Alentejo as vacas davam leite em pó. Eu andava pela praia a observar o mulherio. Havia de tudo. Mulherio interessante, desprezível, atento, atencioso, solteiro, casado, convencido, elitista, eu sei lá! Eu apenas referenciava. E cansado de tanto referenciar, encontrei um excelente espécime feminino. Daquelas que até podiam estar 60 graus centigrados que eu não sairia da praia.
Ora aquele conjunto de ossos carne e pele, não poderiam ter saído da costela de Adão. Aquilo era sobrenatural. Como ela estava com problemas com o telemóvel fui lá ajudar. Chamava-se Cristina.

Foi uma resolução simples. Só tive de colocar a bateria no sítio, pois estava ao contrário. Com tão preciosa ajuda ganhei uma tarde de praia magnificamente bem acompanhado. Devido aos meus conhecimentos na área de comunicações, ela pediu-me se a poderia ajudar nos bombeiros! Ela era bombeira voluntária, e estava ligada à formação de novos bombeiros! Passado 2 semanas, e após ter-me documentado convenientemente, fui dar uma formação aos bombeiros de como bem usar o serviço nacional de informações. Até o coordenador local esteve presente! Aquilo foi um sucesso!

Passei o verão de volta de carros e camiões de bombeiros! Montagens de linhas de agua, agulhetas, equipamentos de salvamento, funcionamento de bombas, eu sei lá que mais. O que é certo é que metade do tempo olhava mais para a Cristina, do que ouvia o que ela estava a dizer.

Continuei a dar lições de telecomunicações, até que surgiu o convite dela para um jantar. Aceitei na hora, e fomos jantar. Ela no decorrer do jantar revelou-me que estava muito preocupada com a visita que o presidente da república iria fazer ao quartel. Nessa visita ele ia verificar o estado de prontidão da força e ela iria gerir vários simulacros para presidente ver! Eu disse que se ela quisesse eu próprio poderia ajudar a que tudo corresse bem. Poderia estar nos simulacros! Ela aceitou com um grande sorriso, e revelou-me que era um grande peso que lhe tirava de cima dos ombros. Até disse com um olhar malicioso, que poderia pagar com o corpinho se eu quisesse tal ajuda! O que ela foi dizer!

Todos os dias dizia-me que o tempo passava muito rápido! Que devia demorar um ano até à visita. Eu nunca dizia nada, mas para mim o tempo nunca mais passava! Nunca mais chegava o dia!
Chegou o bendito dia! Nervoso miudinho nela, e eu sempre a dizer para ela não se preocupar. Comigo lá nada iria falhar! Ela só dizia que se corresse tudo bem eu iria ser recompensado.
Chegou a comitiva toda. PR Presidente da câmara, uns quantos secretários de estado. Enfim, a cambada toda. Depois dos tradicionais cumprimentos e discursos da praxe, eu ia entrar em acção! Ela fazia figas. Um tipo de megafone descrevia o que iríamos fazer. A cambada toda numa varanda do quartel a ver. Centenas de pessoas por lá! Diz o tipo do megafone: “Agora vamos ver como apagar um incêndio sem o recurso a grandes meios.” Lá fui eu em direcção a um bidão de gasóleo a arder com um cobertor encharcado de água. Meti o cobertor para abafar as chamas, mas como não cobri bem todo o bidão o cobertor pegou fogo! Veio outro tipo com uma linha de água e apagou.
O tipo de megafone emendava a cena: “Como previsto, não apagou mas chegaram outros recursos. É o espírito de equipa.” Palmas de toda a gente menos da Cristina que sabia que eu tinha feito asneiras!

A seguir foi o simulacro dum incêndio numa viatura, perto duma bomba de gasolina. Lá fui eu a correr com a mangueira e água para cima! Tinha trocado as mangueiras, e em vez de levar a de espuma usei a de água! O combustível do carro espalhou-se foi para perto da bomba de gasolina improvisada e explodiu! Lá foi a bomba pelo ar e pumba! Mesmo em cima da ambulância que tinha sido oferecida e acabada de benzer. O tipo do megafone lá emendou tudo, dizendo que estava tudo previsto, e que era para todos verem o que poderia acontecer de facto no terreno.

Por fim era a inauguração do auto-tanque com canhão de água. Pegou-se fogo a uma pilha de madeira, e regou-se uma parede antiga com gasolina. Eu ia em cima do carro, agarrado ao canhão. O carro parou e eu baixei-me para accionar o botão. Ao baixar-me virei naturalmente a direcção do canhão e quando ele disparou foi mesmo em direcção à varanda improvisada. Para cúmulo travou o mecanismo de rotação e eu não conseguia para aquilo. Ficou toda a comitiva encharcada, incluindo a Cristina.

Saltei do carro, sempre com o canhão a debitar fortemente. Roubei o megafone ao tipo e disse: “agora a simulação dum acidente rodoviário, e a saída da ambulância do quartel.”
Meti-me numa ambulância, liguei as sirenes, alto arranque e toca a desaparecer dali! Parei uns 400 metros depois, abandonei a ambulância, meti-me num táxi e dirigi-me ao aeroporto. Passei 3 semanas no Nepal. Passado 8 anos disto, ainda se fala disso muitas vezes na cidade! A Cristina, nunca mais a vi! Dizem que foi para França.

Oh meu Deus! Eu meto-me em cada uma!
Caridades:

dezembro 03, 2003

Marta e Júlia, duas gémeas de trocar os olhos. Não pelas semelhanças físicas em si, mas sim porque… eheheh os leitores sabem! Claro que sabem o porquê!
Depois de as ter ajudado lá em casa a tomar conta do irmão mais novo, enquanto elas iam beber um copo ao bar sempre que os pais iam passar um fim-de-semana fora, ganhei confiança necessária para lhes fazer uma proposta. Fiz tal proposta porque elas estavam sempre a perguntar como poderiam pagar tamanhos favores.

Aceitaram satisfazer um dos poucos fetiches que ainda não realizei, até porque na opinião delas eu era muito querido, mas tinha de as surpreender e leva-las a dar uma volta num meio de transporte original. Era um grande desafio!

Após dois dias a pensar em como arranjar um meio de transporte original, tive uma magnífica ideia, e que poderia muito bem resultar! Uma bicicleta tripla!!!

Andei durante 3 semanas a fazer a maldita bicicleta. Quadros, assentos das antigas pasteleiras com molas, travões, uma corrente emendada, eu uns guiadores estilo Harley Davidson. Até espelhos retrovisores tinha! Deu muito trabalho mas ficou um espectáculo. Brilhava como um dia de primavera. Aqueles cromados podiam servir de espelho.

Convidei-as a sair num sábado. Iríamos até à praia e ao anoitecer elas pagavam a promessa. Perante tal bicla, elas não tiveram maneira de dizer não!
Elas aceitaram e no sábado lá fomos nós a caminho da praia! Claro que lhes dei os lugares da frente. Lá ia eu todo contente atrás, e farto de receber elogios tanto da bicicleta, como da companhia. Eu gostava era quando elas levantavam o rabiosque para relaxar os músculos. Tinha tido uma grande ideia! Das melhores!

Elas iam eufóricas a dizer que toda a gente olhava para nós. Eu prefiro ser muito mais reservado, mas elas são exibicionistas. Foi por isso que deram meia volta e decidiram passar pelo centro da cidade mais uma vez. Claro que duas loiras daquele porte em cima duma bicicleta tripla com um tipo atrás, chamam a atenção a todo o homem que não é cego, mas também ao mulherio que fica possesso, por os maridos olharem para o que é bom de ser ver!

Mesmo no centro onde se realiza a feira de sábado, e quando éramos de novo o centro de todas as atenções, parte a porcaria da corrente, elas desequilibram-se e vamos cair num lago onde nadam os patos municipais! Houve gente a chorar com o riso! Malditos, que só se riem do que é mal feito! Saímos de lá todos encharcados, e até os patos no seu quak quak pareciam que se estavam a rir!

Das gémeas ouvi em uníssono a mesma frase: “A culpa desta humilhação pública é toda tua! Escusas de nos procurar mais alguma vez, seu emenda correntes de 5ª categoria!”

Oh meu Deus! Eu meto-me em cada uma!
Caridades:

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